1) História (The stone that the builder refuse).
a) os Arawaks
· Habitantes originais da Jamaica, de índole pacífica.
· Plantavam milho, batata doce, tabaco (fumavam no ‘Y’).
· Faziam bebida fermentada de cassava(?)
· Antes da chegada dos europeus, começaram a sofrer invasão de guerreiros Caribes que tinham o hábito de comer os derrotados.
· Deram o nome à ilha (orig. Xaymaca – Terra das fontes [de água]), que permaneceu mesmo após a presença européia.
· Foram feitos escravos pelos espanhóis e muitos morreram nas minas e em trabalhos agrícolas. Foram relatados suicídios e mortes por doenças contagiosas devido ao contato com os europeus e com os animais introduzidos por eles.
· Quando os ingleses iniciaram a tomada da Ilha aos espanhóis em 1655, quase não havia Arawaks na Jamaica.
b) A colônia espanhola
· Fracasso total como colônia no modelo espanhol de “busca do ouro”, serviu, no entanto como entreposto agrícola para os viajantes para outras partes da América.
· Introduziram na ilha a banana, a cana de açúcar, outras variedades de tabaco e frutas cítricas. Cultivaram algodão e coco.
· Serviu de refúgio para muitas famílias de judeus sefaraditas portugueses que escaparam da Inquisição quando da anexação de Portugal em 1580 pela Coroa Espanhola.
· Até por volta de 1600, a Espanha era a única nação européia colonizadora das Índias Ocidentais, as outras somente pirateavam e atacavam as posições conquistadas. Franceses e ingleses apenas contrabandeavam o que apuravam nos ataques aos navios e colônias espanholas.
c) A conquista inglesa
· Em 1642 Spanish Town foi atacada pelo “lobo do mar” William Jackson. A curiosidade é que muitos de seus homens gostaram da ilha e desertaram, ficando por lá.
· Em 1655, Oliver Cromwell atacou a Ilha com uma frota de 38 navios e 8000 homens comandados pelo Alm. William Penn, encontrando uma população espanhola em torno de 1500 almas.
· A resistência foi pequena, mas os espanhóis libertaram seus escravos para que estes ajudassem na defesa contra os ingleses e eles, na iminência da derrota, liderados por um chefe conhecido como Juan de Bolas, fugiram para as montanhas e não se entregaram aos ingleses.
· Estes escravos estabeleceram-se na região de St. Catherine junto com os poucos remanescentes dos Arawaks e este núcleo de libertos foi uma das origens na nação Maroon (do espanhol marrano, selvagem) que guerreou contra os ingleses por oitenta anos.
· Com o Tratado de Madrid firmado pelas duas coroas em 1670, a Jamaica passou oficialmente para o domínio inglês.
d) “A Irmandade da Costa”
· No final do século XVII, a Jamaica era capital mundial dos piratas. Os bucaneiros (bucaneers, em inglês) originais eram a escória da Europa, criminosos, refugiados políticos e religiosos, desterrados e exilados ingleses, holandeses e franceses que só tinham em comum o ódio pela coroa espanhola.
· Eles funcionavam como fornecedores de carne, couro e sebo para navios que eventualmente ancoravam ao longo da costa. Trabalhavam em duplas e caçavam com auxílio de cães, tratando a carne em “bocas negras” (em francês, boucan), defumadores que aprenderam a fazer com os índios.
· Quando foram obrigados pelos espanhóis a retirar-se para Tortuga em 1630, muitos se juntaram para formar a “Confederação da Irmandade da Costa”. No início, utilizavam canoas de guerra indígenas e barcos leves para atacar comboios espanhóis de surpresa. Com sua ousadia e sucesso nestes ataques, passaram a recrutar mais gente e a utilizar barcos maiores.
· Com a presença britânica na Jamaica, os bucaneiros encontraram em Port Royal um mercado pronto para absorver o produto dos saques aos navios da coroa espanhola.
· Foram colocados na ilegalidade devido a tratados entre as coroas, mas logo depois, em 1664, com os britânicos em guerra contra a Holanda, foram admitidos como aliados da Coroa.
· O maior de todos foi sir Henry Morgan (1635-1688), que comandou a Irmandade e viu PR se tornar a “Las Vegas do séc. XVII”, interferindo até em negócios de estado da Coroa, como na invasão ao Panamá em 1671.
· Em 1692, Port Royal contava mais de 8.000 habitantes e tinha casas do mesmo nível de Londres ou Paris, mas com a ascensão dos grandes plantadores de cana na Ilha, a Jamaica foi tornando-se uma grande fazenda movida a trabalho escravo.
· Em Junho do mesmo ano, um grande terremoto afundou metade da cidade no mar, matando a maioria de seus habitantes. Do outro lado da baía foi fundada então a cidade de Kingston, para recolher os remanescentes de PR e que se tornou a capital administrativa da colônia.
e) Açúcar e Escravidão
· A Jama
ica nunca foi extensivamente ocupada pelos britânicos, apenas servia como uma grande fazenda de produção de cana baseada no tráfico de escravos africanos trazidos pelo “Caminho do Meio”, ou seja, a rota Costa do Ouro – Caribe. Detalhe: navios negreiros que perdiam as correntes marítimas desta rota desviando-se para Sul, desembarcavam a “mercadoria” em São Luís do Maranhão via de regra.
· Em 1673 havia 57 grandes plantações na Jamaica. Em 1740, havia mais de 400.
· O regime de servidão dos escravos e as condições em que eram tratados e transportados eram, naturalmente, as mesmas que conhecemos aqui no Brasil. E como aqui, lá também muitos se tornaram fugitivos, jamais deixando morrer o desejo por liberdade.
· Em se tratando de uma ilha montanhosa e coberta por florestas tropicais, os fugitivos evadiam-se para as montanhas.
· Em 1690 na localidade de Clarendon eclodiu uma grande revolta de escravos que culminou com a fuga de muitos deles para as florestas da Jamaica Central. Um destes fugitivos, um Coromanti chamado Cujo, veio a liderar uma das maiores guerras de guerrilha de que se tem notícia na história.
· Durante 80 anos os Maroons desafiaram o poderio dos “Casacas Vermelhas”, o Exército Colonial Britânico, talvez o mais eficiente e poderoso da época. Um tratado de paz foi finalmente assinado, mas infelizmente, transformou os Maroons em caçadores de recompensa (capitães do mato, no caso brasileiro).
· Os Maroons aceitaram estes termos por uma centena de anos, inclusive ajudando a esmagar a rebelião de 1760 em St. Mary.
· Os senhores das terras e os Maroons viveram em paz até 1796, quando eclodiu uma segunda guerra na qual estes foram derrotados e muitos deportados para Nova Escócia ou para a atual Serra Leoa, onde há registros de seus descendentes até os dias de hoje.
· Durante todo o séc. XVIII o açúcar continuou sendo o motor da economia jamaicana. Num censo feito em 1795, foram contabilizados 200 mil escravos e 13 mil europeus morando na ilha.
· A última grande revolta de escravos ocorreu em 1831 no oeste da ilha liderada por Samuel Sharpe, mas foi rapidamente esmagada. Em 1838 a escravidão foi formalmente abolida e 300 mil pessoas se viram na condição de “libertos”.
f) Pobreza
A abolição acabou com a legendária riqueza dos grandes plantadores, apesar do razoável fluxo de chineses e indianos que passaram a chegar para trabalhar nas plantações, porque os ex-escravos em sua maioria preferiram se deslocar para tentar a vida nas cidades.
A maioria dos estudiosos admite a hipótese de que a cannabis foi introduzida na Jamaica pelos imigrantes das “Índias Orientais”, tanto que o termo usado oficialmente é a palavra hindi ganja.
Por volta de 1865, a situação estava difícil para o povo pobre da ilha, especialmente devido aos problemas de abastecimento causados pela Guerra Civil nos EUA. Isto fez eclodir uma revolta popular de alcance limitado em Morant Bay, insuflada pelo líder George William Gordon e capitaneada pelo diácono batista Paul Bogle, que foram presos e executados.
Com o declínio do açúcar no início do séc. XX, a economia começou a derivar para a monocultura da banana, que se tornou o mais atrativo produto agrícola durante a primeira metade do século.
E a sociedade jamaicana se tornou, no mínimo, poliglota: europeus, afro descentes, chineses, indianos e sírios convivendo e se comunicando, ou pelo menos tentando.

· Habitantes originais da Jamaica, de índole pacífica.
· Plantavam milho, batata doce, tabaco (fumavam no ‘Y’).
· Faziam bebida fermentada de cassava(?)
· Antes da chegada dos europeus, começaram a sofrer invasão de guerreiros Caribes que tinham o hábito de comer os derrotados.
· Deram o nome à ilha (orig. Xaymaca – Terra das fontes [de água]), que permaneceu mesmo após a presença européia.
· Foram feitos escravos pelos espanhóis e muitos morreram nas minas e em trabalhos agrícolas. Foram relatados suicídios e mortes por doenças contagiosas devido ao contato com os europeus e com os animais introduzidos por eles.
· Quando os ingleses iniciaram a tomada da Ilha aos espanhóis em 1655, quase não havia Arawaks na Jamaica.
b) A colônia espanhola
· Fracasso total como colônia no modelo espanhol de “busca do ouro”, serviu, no entanto como entreposto agrícola para os viajantes para outras partes da América.
· Introduziram na ilha a banana, a cana de açúcar, outras variedades de tabaco e frutas cítricas. Cultivaram algodão e coco.
· Serviu de refúgio para muitas famílias de judeus sefaraditas portugueses que escaparam da Inquisição quando da anexação de Portugal em 1580 pela Coroa Espanhola.
· Até por volta de 1600, a Espanha era a única nação européia colonizadora das Índias Ocidentais, as outras somente pirateavam e atacavam as posições conquistadas. Franceses e ingleses apenas contrabandeavam o que apuravam nos ataques aos navios e colônias espanholas.
c) A conquista inglesa
· Em 1642 Spanish Town foi atacada pelo “lobo do mar” William Jackson. A curiosidade é que muitos de seus homens gostaram da ilha e desertaram, ficando por lá.
· Em 1655, Oliver Cromwell atacou a Ilha com uma frota de 38 navios e 8000 homens comandados pelo Alm. William Penn, encontrando uma população espanhola em torno de 1500 almas.
· A resistência foi pequena, mas os espanhóis libertaram seus escravos para que estes ajudassem na defesa contra os ingleses e eles, na iminência da derrota, liderados por um chefe conhecido como Juan de Bolas, fugiram para as montanhas e não se entregaram aos ingleses.
· Estes escravos estabeleceram-se na região de St. Catherine junto com os poucos remanescentes dos Arawaks e este núcleo de libertos foi uma das origens na nação Maroon (do espanhol marrano, selvagem) que guerreou contra os ingleses por oitenta anos.
· Com o Tratado de Madrid firmado pelas duas coroas em 1670, a Jamaica passou oficialmente para o domínio inglês.
d) “A Irmandade da Costa”
· No final do século XVII, a Jamaica era capital mundial dos piratas. Os bucaneiros (bucaneers, em inglês) originais eram a escória da Europa, criminosos, refugiados políticos e religiosos, desterrados e exilados ingleses, holandeses e franceses que só tinham em comum o ódio pela coroa espanhola.
· Eles funcionavam como fornecedores de carne, couro e sebo para navios que eventualmente ancoravam ao longo da costa. Trabalhavam em duplas e caçavam com auxílio de cães, tratando a carne em “bocas negras” (em francês, boucan), defumadores que aprenderam a fazer com os índios.
· Quando foram obrigados pelos espanhóis a retirar-se para Tortuga em 1630, muitos se juntaram para formar a “Confederação da Irmandade da Costa”. No início, utilizavam canoas de guerra indígenas e barcos leves para atacar comboios espanhóis de surpresa. Com sua ousadia e sucesso nestes ataques, passaram a recrutar mais gente e a utilizar barcos maiores.
· Com a presença britânica na Jamaica, os bucaneiros encontraram em Port Royal um mercado pronto para absorver o produto dos saques aos navios da coroa espanhola.
· Foram colocados na ilegalidade devido a tratados entre as coroas, mas logo depois, em 1664, com os britânicos em guerra contra a Holanda, foram admitidos como aliados da Coroa.
· O maior de todos foi sir Henry Morgan (1635-1688), que comandou a Irmandade e viu PR se tornar a “Las Vegas do séc. XVII”, interferindo até em negócios de estado da Coroa, como na invasão ao Panamá em 1671.
· Em 1692, Port Royal contava mais de 8.000 habitantes e tinha casas do mesmo nível de Londres ou Paris, mas com a ascensão dos grandes plantadores de cana na Ilha, a Jamaica foi tornando-se uma grande fazenda movida a trabalho escravo.
· Em Junho do mesmo ano, um grande terremoto afundou metade da cidade no mar, matando a maioria de seus habitantes. Do outro lado da baía foi fundada então a cidade de Kingston, para recolher os remanescentes de PR e que se tornou a capital administrativa da colônia.
e) Açúcar e Escravidão
· A Jama

· Em 1673 havia 57 grandes plantações na Jamaica. Em 1740, havia mais de 400.
· O regime de servidão dos escravos e as condições em que eram tratados e transportados eram, naturalmente, as mesmas que conhecemos aqui no Brasil. E como aqui, lá também muitos se tornaram fugitivos, jamais deixando morrer o desejo por liberdade.
· Em se tratando de uma ilha montanhosa e coberta por florestas tropicais, os fugitivos evadiam-se para as montanhas.
· Em 1690 na localidade de Clarendon eclodiu uma grande revolta de escravos que culminou com a fuga de muitos deles para as florestas da Jamaica Central. Um destes fugitivos, um Coromanti chamado Cujo, veio a liderar uma das maiores guerras de guerrilha de que se tem notícia na história.
· Durante 80 anos os Maroons desafiaram o poderio dos “Casacas Vermelhas”, o Exército Colonial Britânico, talvez o mais eficiente e poderoso da época. Um tratado de paz foi finalmente assinado, mas infelizmente, transformou os Maroons em caçadores de recompensa (capitães do mato, no caso brasileiro).
· Os Maroons aceitaram estes termos por uma centena de anos, inclusive ajudando a esmagar a rebelião de 1760 em St. Mary.
· Os senhores das terras e os Maroons viveram em paz até 1796, quando eclodiu uma segunda guerra na qual estes foram derrotados e muitos deportados para Nova Escócia ou para a atual Serra Leoa, onde há registros de seus descendentes até os dias de hoje.
· Durante todo o séc. XVIII o açúcar continuou sendo o motor da economia jamaicana. Num censo feito em 1795, foram contabilizados 200 mil escravos e 13 mil europeus morando na ilha.
· A última grande revolta de escravos ocorreu em 1831 no oeste da ilha liderada por Samuel Sharpe, mas foi rapidamente esmagada. Em 1838 a escravidão foi formalmente abolida e 300 mil pessoas se viram na condição de “libertos”.
f) Pobreza
A abolição acabou com a legendária riqueza dos grandes plantadores, apesar do razoável fluxo de chineses e indianos que passaram a chegar para trabalhar nas plantações, porque os ex-escravos em sua maioria preferiram se deslocar para tentar a vida nas cidades.
A maioria dos estudiosos admite a hipótese de que a cannabis foi introduzida na Jamaica pelos imigrantes das “Índias Orientais”, tanto que o termo usado oficialmente é a palavra hindi ganja.
Por volta de 1865, a situação estava difícil para o povo pobre da ilha, especialmente devido aos problemas de abastecimento causados pela Guerra Civil nos EUA. Isto fez eclodir uma revolta popular de alcance limitado em Morant Bay, insuflada pelo líder George William Gordon e capitaneada pelo diácono batista Paul Bogle, que foram presos e executados.
Com o declínio do açúcar no início do séc. XX, a economia começou a derivar para a monocultura da banana, que se tornou o mais atrativo produto agrícola durante a primeira metade do século.
E a sociedade jamaicana se tornou, no mínimo, poliglota: europeus, afro descentes, chineses, indianos e sírios convivendo e se comunicando, ou pelo menos tentando.
2) Música Na Jamaica – 1494 a 1957 (Garth White) – Voices crying in the wilderness.
A “Grande Tradição”: heranças culturais africana, européias e do resto do Caribe, o que inclui as tradições musicais religiosas e mágicas afro-jamaicanas, a música das igrejas e das populações de origem européia na era colonial e as influências vindas da América Central e EUA. A “Pequena Tradição” se refere aos novos elementos oriundos do Rastafari e do Reggae way of life, além de, mais recentemente, da cultura hip hop.
O que se sabe da tradição musical Arawak é muito pouco. Conforme descrito por cronistas espanhóis, havia música de caráter ritual com instrumentos de percussão feitos de madeira, de sopro feitos de ossos de animais e de caules de plantas nativas. Como nas culturas ditas aborígenes da Amazônia, os Arawaks tinham caciques e anciões que organizavam e predominavam nestes rituais ligados à religião de mitos vegetais e portanto faziam uso da música dentro deste sistema.
O primeiro aspecto importante a se ressaltar sobre a música de origem africana é a questão da tradição vocal presente em todas as culturas africanas. Independente dos diversos acompanhamentos e influências trocadas com as outras culturas na América e até das circunstâncias conhecidas relativas às condições de vida impostas aos africanos, fica evidente a premência das manifestações vocais. Mais ainda, ressalte-se que a vocalização de origem africana não busca exatamente a nota “pura”, sendo mais comum o uso de artifícios como os falsetes e vibratos, ou seja, uma manifestação mais seminal, mais do corpo todo.
Outro aspecto fundamental é o fato de que a música de origem africana ser sempre uma expressão de caráter comunal, para todos, sempre parte da vida cotidiana, intersectada com as manifestações religiosas, de trabalho, etc.
Especificamente em relação à tradição percussiva ligada ao reggae através dos rastas, note-se que a estrutura de trio tem ligação direta com a tradição Ashanti da África Ocidental.
Similarmente ao ocorrido no Brasil, as manifestações musicais dos escravos no início ficavam estritas aos funerais e a festas de colheita, sendo reprimidas quaisquer tentativas de auto-afirmação cultural.
Com o tempo, os colonizadores começaram a permitir a sincretização e o uso de manifestações de música e dança folclórica de origem européia para “uso” dos escravos como forma de manter o controle sobre a condição destes.
Na Jamaica, a forma encontrada para apaziguar e unificar as “tribos” de escravos foi tolerar as manifestações, especialmente o culto Myal, no qual o sacerdote era ao mesmo tempo curandeiro, psicólogo, chefe guerreiro, rezador, conselheiro espiritual. Portanto exercia autoridade dentro da comunidade de modo que ajudava a trazer esperança ao mesmo tempo em que confortava a comunidade, mantendo tudo sob certo controle.
Outras manifestações como o Junkanoo, Kumina, Pukkumina and Zion Revival, produtos do sincretismo religioso e da cristianização da sociedade jamaicana vieram crescendo após a abolição, nos mesmos moldes dos cultos afro-brasileiros, com a diferença de que aqui a forma religiosa e cultural é em geral católica e na Jamaica protestante.
Outras influências, especialmente com o desenvolvimento da sociedade no século XX foram resultado da intensa troca de informações com as outras ilhas caribenhas como Cuba, Trinidad & Tobago, etc. As diversas populações influenciaram-se culturalmente através das constantes migrações de trabalhadores.
Rumba, Calypso, Merengue, Beguine, todos os ritmos do século que foram desenvolvidos passaram a fazer parte do cenário formador da musicalidade dos músicos e do povo das ilhas. Na Jamaica, desde o fim do século XIX o Mento talvez possa ser identificado como o ritmo local diretamente ligado à influência, principalmente do Calypso, que, apesar da origem estritamente trinidenha, acabou virando a denominação mais comum para todos os ritmos das ilhas caribenhas de língua inglesa.
O Mento desenvolveu-se originalmente nas áreas rurais e foi perdendo força com a urbanização e a imigração dos jovens para as cidades e para o exterior, que acabou expondo-os a outros estilos de música. Acabou restringido como folclore, tendo muitos de seus músicos e intérpretes absorvidos pelo advento do Ska nos anos 50.
Sound Systems, R&B e o nascimento do SKA.


A “Grande Tradição”: heranças culturais africana, européias e do resto do Caribe, o que inclui as tradições musicais religiosas e mágicas afro-jamaicanas, a música das igrejas e das populações de origem européia na era colonial e as influências vindas da América Central e EUA. A “Pequena Tradição” se refere aos novos elementos oriundos do Rastafari e do Reggae way of life, além de, mais recentemente, da cultura hip hop.
O que se sabe da tradição musical Arawak é muito pouco. Conforme descrito por cronistas espanhóis, havia música de caráter ritual com instrumentos de percussão feitos de madeira, de sopro feitos de ossos de animais e de caules de plantas nativas. Como nas culturas ditas aborígenes da Amazônia, os Arawaks tinham caciques e anciões que organizavam e predominavam nestes rituais ligados à religião de mitos vegetais e portanto faziam uso da música dentro deste sistema.
O primeiro aspecto importante a se ressaltar sobre a música de origem africana é a questão da tradição vocal presente em todas as culturas africanas. Independente dos diversos acompanhamentos e influências trocadas com as outras culturas na América e até das circunstâncias conhecidas relativas às condições de vida impostas aos africanos, fica evidente a premência das manifestações vocais. Mais ainda, ressalte-se que a vocalização de origem africana não busca exatamente a nota “pura”, sendo mais comum o uso de artifícios como os falsetes e vibratos, ou seja, uma manifestação mais seminal, mais do corpo todo.
Outro aspecto fundamental é o fato de que a música de origem africana ser sempre uma expressão de caráter comunal, para todos, sempre parte da vida cotidiana, intersectada com as manifestações religiosas, de trabalho, etc.
Especificamente em relação à tradição percussiva ligada ao reggae através dos rastas, note-se que a estrutura de trio tem ligação direta com a tradição Ashanti da África Ocidental.
Similarmente ao ocorrido no Brasil, as manifestações musicais dos escravos no início ficavam estritas aos funerais e a festas de colheita, sendo reprimidas quaisquer tentativas de auto-afirmação cultural.
Com o tempo, os colonizadores começaram a permitir a sincretização e o uso de manifestações de música e dança folclórica de origem européia para “uso” dos escravos como forma de manter o controle sobre a condição destes.
Na Jamaica, a forma encontrada para apaziguar e unificar as “tribos” de escravos foi tolerar as manifestações, especialmente o culto Myal, no qual o sacerdote era ao mesmo tempo curandeiro, psicólogo, chefe guerreiro, rezador, conselheiro espiritual. Portanto exercia autoridade dentro da comunidade de modo que ajudava a trazer esperança ao mesmo tempo em que confortava a comunidade, mantendo tudo sob certo controle.
Outras manifestações como o Junkanoo, Kumina, Pukkumina and Zion Revival, produtos do sincretismo religioso e da cristianização da sociedade jamaicana vieram crescendo após a abolição, nos mesmos moldes dos cultos afro-brasileiros, com a diferença de que aqui a forma religiosa e cultural é em geral católica e na Jamaica protestante.
Outras influências, especialmente com o desenvolvimento da sociedade no século XX foram resultado da intensa troca de informações com as outras ilhas caribenhas como Cuba, Trinidad & Tobago, etc. As diversas populações influenciaram-se culturalmente através das constantes migrações de trabalhadores.
Rumba, Calypso, Merengue, Beguine, todos os ritmos do século que foram desenvolvidos passaram a fazer parte do cenário formador da musicalidade dos músicos e do povo das ilhas. Na Jamaica, desde o fim do século XIX o Mento talvez possa ser identificado como o ritmo local diretamente ligado à influência, principalmente do Calypso, que, apesar da origem estritamente trinidenha, acabou virando a denominação mais comum para todos os ritmos das ilhas caribenhas de língua inglesa.
O Mento desenvolveu-se originalmente nas áreas rurais e foi perdendo força com a urbanização e a imigração dos jovens para as cidades e para o exterior, que acabou expondo-os a outros estilos de música. Acabou restringido como folclore, tendo muitos de seus músicos e intérpretes absorvidos pelo advento do Ska nos anos 50.
Sound Systems, R&B e o nascimento do SKA.


A pedra fundamental para entender o desenvolvimento do reggae como estilo musical e fenômeno social é, certamente, os sound systems. Com os seus Djs, MCs e principalmente, espaço para manifestação de idéias, mesmo que controlados por uns e outros, acabou por se tornar o centro das atenções e retrato fiel da música e cultura jamaicana. Presente desde a década de 1940 ganhou importância especialmente a partir de 1962, quando após a independência, a música jamaicana ganhou novas feições. É importante frisar o caráter extremamente popular no sentido de quem fazia os bailes e as intervenções.
· A Jamaica do pós-guerra, ainda colônia britânica, era um país de população extremamente pobre. As pessoas, especialmente a população imigrada para a capital, onde o desemprego atingia pelo menos cinqüenta por cento da força de trabalho mal tinham recursos para as necessidades básicas. Em resumo, apenas a elite e a pequena classe média ligada ao governo tinha poder de consumo. Esta situação fez com que os sound systems fossem praticamente a única fonte de informação musical e lazer para o povo, já que a única estação de rádio da ilha (RJR – Radio Jamaica Rediffusion) tocava basicamente música européia.
· Com o advento dos aparelhos de rádio transistorizados no final da década de 1950, surgiu outra estação, chamada Jamaican Broadcast Corporation, inaugurada em setembro de 1959, mas em nada contribuiu para mudar este panorama. Só que utilizando as freqüências de Ondas Curtas, muitas pessoas captavam estações norte americanas, especialmente a WINZ de Miami, que veiculava muitas atrações gospel, R&B e Soul Music.
· A grande popularidade de artistas como Fats Domino e Louis Jordan entre os jamaicanos denota a preferência maciça destes pelo R&B mais agressivo, que falava sobre as vicissitudes da vida do homem negro na América, além dos problemas de relacionamento afetivo ou baladas puramente românticas. Em termos de “pegada”, as bandas da região de Nova Orleans e sua “locomotiva” rítmica eram as mais apreciadas e que mais influenciaram os músicos jamaicanos no amálgama com os ritmos locais que veio a ser denominado SKA.
· Musicalmente, o ska não tinha a proeminência de nenhum instrumento em especial. A bateria provia um 4/4 acompanhada pelo baixo “andante” típico do R&B ou mesmo do blues, com o piano dando o contraponto “boogie” e a metaleira marcando o ritmo junto com a guitarra. Grandes solistas dos instrumentos de sopro se destacaram na época, como os trombonistas Don Drummond (especialmente) e Rico Rodriguez( que foi seu aluno), e os saxofonistas Tommy McCook e Roland Alphonso. O formato de big band predominava e os primeiros anos ficaram marcados pelo grande sucesso dos SKATALITES (liderados por Drummond) acompanhando os cantores e conjuntos vocais que fizeram do ska fenômeno de massa e “trilha sonora da independência (em 1962)”.
· Desde esta época, entretanto, já ecoava a partir dos guetos da capital a influência rítmica dos Rastas, cujos rituais eram acompanhados pelos “burru drums” (família de tambores rituais da prática religiosa “burru” adotados pelos rastas) em seus cânticos “Nyahbinghi” e modo de vida anti establishment evocativo da identidade africana. O primeiro sucesso que trouxe este componente às claras foi “Oh, Carolina”, de 1955{?} (Falken Brothers) e que teve o acompanhamento do grande Count Ossie e seus Mystic Revealers na percussão e harmonia vocal.
· Os Skatalites gravavam muito para Clement Dodd, aka Sir Coxsonne, produtor pioneiro e proprietário do legendário selo Studio One, tendo acompanhado os mais importantes artistas da época como Derrick Morgan, Clancy Eccles, Monty Morris e Teophilus Beckford, entre muitos outros.
Assim como em 1964, gravaram com o conjunto The Wailing Wailers (foto ao lado), depois simplesmente The Wailers o single “Simmer Down” (Bob Marley) que colocou-os pela primeira vez no topo das paradas e foi um marco na história da música e da indústria jamaicana por tratar-se de um grupo vocal oriundo de Trenchtown que falava a linguagem dos guetos e para o povo dos guetos.
· Foi a época do aparecimento dos rude boys, a juventude alienada e desencantada das áreas pobres de Kingston, vivendo em meio a um sistema policial extremamente repressivo, refém dos goons (mercenários armados ligados aos partidos políticos), sem emprego e assistência social. Parte dela, porém, como os Wailers, era culturalmente influenciada pelos Rastas e rejeitava tanto a violência como buscava identificação com os movimentos sociais dos EUA na luta por direitos civis.
· Pois foi neste cenário de enfrentamento e de graves problemas sociais que, em 1966, HIM Haile Selassie I, imperador da Etiópia visitou a Jamaica, causando grande comoção social e então ficou claro como os Rastas já vinham influenciando fortemente muitos setores da sociedade.
· Essa influência já estava bastante presente entre os músicos. Com a internação de Don Drummond e a conseqüente dissolução dos Skatalites em 1965, começaram a surgir novos talentos que passaram a ditar a cena musical com novas informações e buscando outros caminhos, resultando então no advento do rock steady, forma musical intermediária entre o SKA e o REGGAE.
· A Jamaica do pós-guerra, ainda colônia britânica, era um país de população extremamente pobre. As pessoas, especialmente a população imigrada para a capital, onde o desemprego atingia pelo menos cinqüenta por cento da força de trabalho mal tinham recursos para as necessidades básicas. Em resumo, apenas a elite e a pequena classe média ligada ao governo tinha poder de consumo. Esta situação fez com que os sound systems fossem praticamente a única fonte de informação musical e lazer para o povo, já que a única estação de rádio da ilha (RJR – Radio Jamaica Rediffusion) tocava basicamente música européia.
· Com o advento dos aparelhos de rádio transistorizados no final da década de 1950, surgiu outra estação, chamada Jamaican Broadcast Corporation, inaugurada em setembro de 1959, mas em nada contribuiu para mudar este panorama. Só que utilizando as freqüências de Ondas Curtas, muitas pessoas captavam estações norte americanas, especialmente a WINZ de Miami, que veiculava muitas atrações gospel, R&B e Soul Music.
· A grande popularidade de artistas como Fats Domino e Louis Jordan entre os jamaicanos denota a preferência maciça destes pelo R&B mais agressivo, que falava sobre as vicissitudes da vida do homem negro na América, além dos problemas de relacionamento afetivo ou baladas puramente românticas. Em termos de “pegada”, as bandas da região de Nova Orleans e sua “locomotiva” rítmica eram as mais apreciadas e que mais influenciaram os músicos jamaicanos no amálgama com os ritmos locais que veio a ser denominado SKA.
· Musicalmente, o ska não tinha a proeminência de nenhum instrumento em especial. A bateria provia um 4/4 acompanhada pelo baixo “andante” típico do R&B ou mesmo do blues, com o piano dando o contraponto “boogie” e a metaleira marcando o ritmo junto com a guitarra. Grandes solistas dos instrumentos de sopro se destacaram na época, como os trombonistas Don Drummond (especialmente) e Rico Rodriguez( que foi seu aluno), e os saxofonistas Tommy McCook e Roland Alphonso. O formato de big band predominava e os primeiros anos ficaram marcados pelo grande sucesso dos SKATALITES (liderados por Drummond) acompanhando os cantores e conjuntos vocais que fizeram do ska fenômeno de massa e “trilha sonora da independência (em 1962)”.
· Desde esta época, entretanto, já ecoava a partir dos guetos da capital a influência rítmica dos Rastas, cujos rituais eram acompanhados pelos “burru drums” (família de tambores rituais da prática religiosa “burru” adotados pelos rastas) em seus cânticos “Nyahbinghi” e modo de vida anti establishment evocativo da identidade africana. O primeiro sucesso que trouxe este componente às claras foi “Oh, Carolina”, de 1955{?} (Falken Brothers) e que teve o acompanhamento do grande Count Ossie e seus Mystic Revealers na percussão e harmonia vocal.
· Os Skatalites gravavam muito para Clement Dodd, aka Sir Coxsonne, produtor pioneiro e proprietário do legendário selo Studio One, tendo acompanhado os mais importantes artistas da época como Derrick Morgan, Clancy Eccles, Monty Morris e Teophilus Beckford, entre muitos outros.

· Foi a época do aparecimento dos rude boys, a juventude alienada e desencantada das áreas pobres de Kingston, vivendo em meio a um sistema policial extremamente repressivo, refém dos goons (mercenários armados ligados aos partidos políticos), sem emprego e assistência social. Parte dela, porém, como os Wailers, era culturalmente influenciada pelos Rastas e rejeitava tanto a violência como buscava identificação com os movimentos sociais dos EUA na luta por direitos civis.
· Pois foi neste cenário de enfrentamento e de graves problemas sociais que, em 1966, HIM Haile Selassie I, imperador da Etiópia visitou a Jamaica, causando grande comoção social e então ficou claro como os Rastas já vinham influenciando fortemente muitos setores da sociedade.
· Essa influência já estava bastante presente entre os músicos. Com a internação de Don Drummond e a conseqüente dissolução dos Skatalites em 1965, começaram a surgir novos talentos que passaram a ditar a cena musical com novas informações e buscando outros caminhos, resultando então no advento do rock steady, forma musical intermediária entre o SKA e o REGGAE.
Betão Valeu pela contribuição!!! otimo texto !
I-rie